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domingo, 1 de agosto de 2010

OFICINA DE TEATRO COM BRYAN DO GRUPO TAPA

Bauru, 31 de Julho de 2010
OFICINA DE TEATRO COM BRYAN DO GRUPO TAPA

No inicio de tudo o nosso conhecimento pelos olhares rápidos e algumas breves palavras de acordo com a necessidade de cada um e após a apresentação formal, todos falaram um pouco de si, o que fazia, o seu contato com teatro, etc..
Bryan pontuou as divergências e as particularidades de cada grupo de teatro, informando que tudo que colocasse naquele momento era a filosofia teatral segundo o “Grupo Tapa”, o que possivelmente não serviria a outros.
Para o Grupo Tapa toda cena deve ser desenvolvida mediante os elementos: Tempo, Espaço e Peso (Gravidade) e ai trabalhar-se conjuntamente com texto. Para o referido grupo teatral a criação, o espontâneo está fora das buscas, pois trabalham com textos consagrados, apenas tendo com incremento dos textos, a tentativa de transpor-lo a realidade dos tempos atuais, já que teatro segundo alguns autores é “a tentativa de transpor a realidade”.
“ATOR= SENHOR DOS ATOS, ELE DEVE AGIR COMO SE FOSSE O PERSONAGEM DE FORMA EXPONTÂNEA E NÃO SENTIR.”
Para o ator o personagem já existe e ele é perfeito, se o autor não atrapalhar, tudo sairá bem.
Tratando-se do sentir enfatizou a falta de necessidade das ações internas, já que para o público, o que o atingirá (o que ele poderá ver) é o externo, se o SENTIR o faz ter mais facilidade para transpor ao visível (externo) ótimo, mas ele não tem importância.
Para entendermos melhor a relação entre o SENTIR X AGIR indicou a texto “Paradoxo do ator- Jack Didero”.
De forma lúdica e engraçada comparou a boa atuação com a masturbação: “ É um ato de atuação, primeiro você coloca o corpo em movimento, tem uma sensação, depois você ativa ou não a imaginação.”
Bryan enfatizou as importâncias das pesquisas, uma vez que cada personagem está envolvido em um contexto histórico, geográfico, econômico, social, emocional e psíquico e o bom ator deve primeiramente conhecer a cada um desses detalhes e não ater-se apenas a realidade posta como Mundial de uma época, pois as locais acabam sendo outra influenciadora.
Nesse sentido explicou sobre a espontaneidade que no caso não e trabalhada pelo grupo, já que na maioria das vezes o espontâneo parte do “meu eu” e para compor um bom papel o ator deve zerar o seus corpo (seus hábitos, seus tiques, seu sotaque seus vícios de linguagem trazendo para a realidade do personagem que varia diante do contexto posto) . O que as pessoas nomeiam como “parece espontâneo” os quais seriam os movimentos tão bem trabalhados a ponto de parecer fazer parte do autor, esse para Bryan sim ‘e o desejado, pois o público nem percebe o trabalho feito até ali.
“Quando algo está muito bem feito parece que desaparece”. Indicando para leitura o livro “Ator em Método- Eugênio Kusnet”, que tão bem trabalha com os conhecimentos Stanislavski, que na opinião dele é um grande autor teatral, mas que teve suas obras muito mal traduzidas ao português.
“O Bom ator é o que convence a platéia de um Mundo imaginário.”
Assim salientou que uma das maiores dificuldades do ator é pensar como o personagem! “Deixar seus objetivos e personalidade, realmente é muito difícil”. Mais as pessoas não vão ao teatro para ver você, elas vão ao teatro para ver a peça e seus personagens e são eles que agradam ou desagradam o público.
Sobre a lei da gravidade indicou o livro do autor Rudolf Laban “Corpo em Movimento” e também a literatura do dançarino Glaus Vianna, destacando a contribuição da linguagem da dança ao teatro.
Pontuou que ser ator e algo muito diferente do que é mostrado pela mídia, que para se produzir um bom trabalho é necessário disciplina e muito treino, bem diferente dos “30 segundos de fama” mostrado por algumas emissoras televisivas, a repetição com o intuito de, limpar as cenas (O que no Rio de Janeiro chamam de Decupagem) é a base de uma boa cena. Ainda considerou a existência de alguns atores intuitivos (pessoa intuitiva é aquela que tem uma maior relação com o seu inconsciente) destacando alguns exemplos de grandes nomes como Marlon Brando, que chegam e fazem o show sem grande treino, mas que na maioria das vezes não é isso que ocorre.
Também sobre esse assuntou tornou a destacar o livro “Ator em método” o qual partiu da observação do ator intuitivo, crianças brincando e da ação de mentirosos (sedutores, vendedores, etc..)
“Teatro é a arte de representar o espírito humano em ato público e de forma estética.” (Stanislavski).
“O impossível crível é melhor que o possível incrível.”
“O ator é o expectador da vida e o reprodutor no palco.” Porém ao reproduzir o ator deve tornar isso uma reprodução melhorada.
Partindo para parte prática: alongamos o nosso corpo á partir das nossas articulações e não nos músculos, como é feito normalmente, buscando incessantemente “estar no presente” eliminando a mente que sempre nos leva ao passado e ao futuro e nos tira do presente. Na seqüência iniciamos o desenvolvimento livre de quatro categorias de movimentos (uma de cada vez, por um espaço de tempo e ao final mesclando todas):
• Flexível, Lento e Suave: Como se estivéssemos no Espaço, com outra forma de atuação da gravidade;
• Flexível, Lento e Forte: Como se estivéssemos sendo torcidos lentamente ou atados por elásticos;
• Flexível, Rápido e Suave: como um sacudir de um cachorro;
• Flexível, Rápido e Forte: Como um chicote.
Os Movimentos deviam sempre envolver os três planos: Baixo, médio e alto. E todas as articulações, deviam ser firmes, bonitos, terem simetria e o sempre dito “NADA NO ROSTO”. “As expressões no rosto dão muito para o telespectador e é preciso dar menos, é como briga na casa do visinho quando descobrimos a causa perdemos a razão de tentar ouvir.”
O Rosto do ator segundo os conhecimentos adquirido por Bryan devia ser o peito, o corpo todo devia falar, assim como as crianças. “Quem tem que inovar é escola de samba, o ator tem que agir com precisão.”
Depois de cansados deitamos em um colchonete e tínhamos como função registrar todas as nossas sensações (Não sentimentos) e criando uma memória corporal das nossas sensações, trabalhando sempre a respiração.
“O Corpo externo está a cinco centímetros do interno, mas eles são muito diferentes.”
Na seqüência deveríamos criar uma posição chamada por Bryan de Estação 01, conhecendo o nosso “PONTO DE QUERÊNCIA (onde queremos começar)” estando inicialmente no plano baixo, devendo ser simétrica e ter ao menos uma curvatura, a mesma deveria ser reconhecida por nossa memória, pois seria repetida inúmeras vezes. Depois:
• Estação 02: Plano médio, contendo uma curvatura e sendo simétrica, sendo reconhecida por nossa memória e também o reconhecimento da passagem 01 para 02;
• Estação 03: Plano alto contendo as mesmas observação das 02 e a percepção dos passos para passagem da 02 para 03;
• Estação 04: Também no Plano alto a três passos da dois, com as mesmas observações das demais e a percepção da passagem da anterior para essa;
• Estação 05: Ainda no Plano Alto mais ou menos na frente da que foi feita a Estação 03 ao lado oposto do colchonete, com todas as demais observações das posições antecedentes;
• Estação 06: Plano Médio, com a repetição dos cuidados acima, e com mais o cuidado de ser diferente da 02, aliás todas deviam ser diferente.
• Estação 07: Feita no Plano Baixo.
Tivemos de repetir muitas vezes cada um desses caminhos, criando novas formas de chegar a próxima posição (Ele destacava que esse tipo de incremento sim é bem vindo, por acrescenta mais não tira a essência) e depois que já estávamos literalmente cansados Bryan, somou a isso a um impulso musical e uma pequena História e assim fazíamos os atos de acordo com as nossas sensações daquele momento e isso foi repetido ao menos três vezes em cada situação e deviam ser feito de forma diferente, já que uma mesma situação poderia gerar sensações variadas, ou até mesmo podemos ilustrar que vários caminhos podem nos levar ao mesmo lugar:
Situações Postas por Bryan:
1- Terça- Feira Chuvosa de Madrugada: Pernagem- Você, Lugar- Sua casa,
Ele fazia inúmeras perguntas como. O que você fez? Como está a temperatura, a iluminação? Você está bem? Etc....

2- Férias na Praia (Você não fez porra nenhuma ontem, não fará hoje e nem terá de fazer amanhã apenas preocupar-se em se divertir): Personagem- Você, Lugar- Praia.
O que você fez ontem à noite (bebeu muito)? Está esperando seus amigos? Está sol? Etc...
3- Onde Estou? Personagem- Você, Lugar- Você não sabe.
Onde está? É claro, escuro? Etc...
Ao término de cada situação pedia para criarmos um arquivo memorial e concluindo fizemos uma mescla de ações com base nas estações e de todas ações com 1 minuto cada.
Ao final da Oficina, fizemos uma breve discussão sendo colocado por quase todos a dificuldade de conseguir a neutralidade facial diante das ações, questionado sobre os tipos de movimentos (Só trabalhamos a variação dos flexíveis) Bryan citou rapidamente a existência dos movimentos retos e deu algumas dicas aos iniciantes como: Evitar agir falando, “... ou fala ou age e depois de um tempo, quando isso se unir da deve começar e terminar junto(Ação e fala)”.
Com gosto de quero mais e com a mensagem de procurar analisar mais as minhas sensações, ações e reações diante da vida e tentando distanciar-me um pouco mais do pensar e sentir (que muitas vezes foi estimulado pela mente) encerramos essa Oficina, com novas idéias, novos amigos, um pouco de cansaço físico, fome e lógico querendo tomar um café. Por favor, eu quero um café!!!

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